Voltando ao Diário de viagem... espero conseguir ser mais assídua
2º Dia (Continuação)
Questionei-me como chegar até lá. Fui caminhando lentamente sem me preocupar se estava no rumo certo, porque fascinava-me a tranquilidade das ruas. Segui a minha intuição e fui subindo, subindo, deixando para trás a Abadia.
Quando me apercebi, já estava no Castelo. Dali podia-se ver a cidade, parecia silenciosa, viste daquele ponto alto. A abadia, na sua grandiosidade vigiava a cidade.
O castelo estava em ruínas, apenas restavam algumas pedras sobre pedras e muitas histórias e vidas que por ali ficaram.
Reparei que estava alguém sentado numa das muralhas e o seu olhar parecia perdido no infinito. Caminhei ao longo da muralha, olhando a cidade, lá em baixo, até que me aproximei da pessoa que estava sentada. Era um homem. Manteve o seu olhar distante, não olhou para mim, mas enquanto passava por ele, falou.” D. Afonso Henriques tomou-o dos Mouros… grande homem. Nunca mais existirá um como ele, com a sua bravura…”. Parei. O meu coração disparou. Tinha uma voz envolvente, forte…
Aguardei que ele se voltasse e me olhasse…Mas ele continuou:” Esses Mouros malvados voltaram a reconquistá-lo e destruíram-no…”
Sentei-me ao seu lado, sem saber bem porquê. O discurso prosseguiu: “D. Sancho I reconstruiu-o. Foi uma forte e grande fortaleza, foi porto seguro de muitas gentes das terras vizinhas… agora só restam estas pedras amontoadas.” Levantou-se e olhou-me. O azul dos seus olhos era tão intenso quanto o azul do céu. Não consegui desviar o meu olhar do dele e esse breve momento pareceu uma eternidade. A minha respiração ficou suspensa e o coração pareceu parar… ele era alguém distante… distante do meu tempo e no entanto parecia dominar o presente, e senti que o voltaria a encontra-lo no futuro.
Os seus lábios “pintaram” um sorriso e afastou-se sem voltar a proferir uma única palavra.
Fiquei quieta, o meu pensamento parecia longe e de repente consegui visualizar a imagem altiva e poderosa do castelo, como se as suas muralhas de reconstruíssem lentamente à minha volta.
(continua)
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